Robot Keiji (Investigador Policial Robô, em tradução livre, e ロボット刑事 na grafia original) é uma história em quadrinhos escrita e desenhada por Ishinomori Shoutarou (1938-1998) publicada originalmente na revista Weekly Shounen Magazine de janeiro a setembro de 1973 e posteriormente em edições encadernadas em formato tankoubon e wide-ban tendo, respectivamente, três e dois volumes.
A trama da HQ se inicia com Shiba, um policial veterano responsável pela investigação de casos de homicídio, sendo informado por seus superiores de que fora selecionado para participar de um experimento: ter como parceiro K (Kay), o primeiro investigador policial robô em fase de teste. A partir daí, a narrativa segue acompanhando Shiba e K em investigações de diversos casos de assassinato envolvendo vítimas de diferentes classes sociais e ocupações mortas sob os mais variados métodos e situações. Conforme a dupla vai solucionando esses casos de homicídio que a princípio parecem não ter relação, os dois policiais se deparam com o fato de que várias das vítimas tiveram robôs envolvidos em suas mortes. Quando a dupla descobre que todos os robôs relacionados aos diferentes casos de homicídio estão de alguma forma vinculados à organização chamada R. R. K. K. — Robot Rental Kabushiki Kaisha (Aluguel de Robôs S.A., em tradução livre) —, K e Shiba acabam recorrendo a Mother, uma misteriosa entidade responsável pela criação de K.

Apesar de Robot Keiji ter sido publicado enquanto Ishinomori também trabalhava em Jinzou Ningen Kikaider, e ambas as obras tratarem de temas similares, como robôs de inteligências artificial e suas relações com a humanidade, Robot Keiji trata destes temas através de uma abordagem diferente. Primeiro porque Ishinomori construiu Robot Keiji como uma história policial, alicerçando-a na tradição das narrativas de investigação. Boa parte da trama se desenvolve com K e Shiba coletando indícios e seguindo pistas que os permitirão juntar as peças e reconstruir os fatos ocorridos para, desta forma, desvendar os diferentes crimes. K, inclusive, é mostrado menos como um policial ou investigador agressivo e que resolve os casos através do uso da força, como na tradição da literatura policial do estilo Hard-Boiled de Dashiell Hammett (1894-1961) e Raymond Chandler (1888-1959), e mais como um investigador na tradição do personagem Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle (1859-1930), que vale-se de seu intelecto acima da média para reunir pequenas informações disponíveis no ambiente e que passam despercebidas para maioria das pessoas e assim conseguir reconstruir mentalmente os eventos ocorridos.

Além disso, embora ambos protagonistas coetâneos das duas obras sejam humanoides artificiais criados através de tecnologia avançada e com inteligência e consciência próprias, há um contraste marcante entre K e Jirou/Kikaider. Enquanto Jirou e o núcleo da trama de Jinzou Ningen Kikaider foram concebidos sob uma forte influência dos protagonistas da história em quadrinhos de Tezuka Osamu (1928-1989), Tetsuwan Atom (Atom Braço de Ferro, em tradução livre, e Astroboy, na tradução oficial estadunidense) (1952-1968), e da novela de Carlo Collodi (1826-1890), Le Avventure di Pinocchio: storia di un burattino (1881-1882), K teve duas outras fontes de referência para a sua criação. A primeira também vem de Tetsuwan Atom de Tezuka, mais precisamente do arco Chijou Saidai no Robot (O Maior Robô sobre A Terra, em tradução livre), publicado de junho de 1964 a janeiro 1965: o personagem Gesicht. Tezuka elaborou Gesicht como um robô originário da Alemanha que está entre os sete robôs conhecidos mais avançados do mundo. Além disso, Gesicht se apresenta como um “robot keiji” — termo do qual Ishinomori se apropriou em sua obra — e é mostrado como um renomado robô policial graças às suas habilidades como investigador. Apesar de sua aparência antropomórfica, Gesicht possui um corpo obviamente robótico que cobre ao vestir trajes formais e chapéu, deixando apenas seu rosto com brilho metálico à mostra. Exatamente como faz K, cujo rosto seguidamente é alvo de comentários de pessoas à sua volta, que notam sua estranheza e imaginam tratar-se de uma máscara, ou mesmo do próprio Shiba, que lembra K com frequência de sua não-humanidade ao trazer à discussão a aparência artificial do rosto do parceiro, sendo que “gesicht” é a palavra em alemão para “rosto”. Há outros detalhes iconográficos que K herdou de Gesicht, como o formato da cabeça, o parte achatada frontal do nariz, a linha que divide verticalmente a parte superior do rosto, os dispositivos auriculares na lateral da cabeça de Gesicht serem idênticos aos existentes no centro das orelhas de K, o prendedor de gravata de K ter o mesmo formato do mecanismo existente na barriga de Gesicht, e o fato de ambos, em suas batalhas finais, tirarem a vestimenta civil e revelarem vários armamentos ocultos em seus corpos. Assim, fica claro que Ishinomori criou Robot Keiji a partir do desenvolvimento da premissa estabelecida por Tezuka com Gesicht no único arco de Tetsuwan Atom em que o personagem aparece. De forma parecida como Urasawa Naoki (1960-) também se apropriaria do personagem transformando Gesicht em um dos protagonistas de sua releitura de Chijou Saidai no Robot publicada de 2003 a 2009, Pluto.



A segunda influência na criação do personagem é a coletânea de contos de ficção científica publicada em 1950, I, Robot (Eu, Robô), de Isaac Asimov (c. 1919-1992). Além da narrativa de mistério policial presente na história em quadrinhos, o outro tema central é a interação entre humanos e robôs e as regras necessárias para que esta convivência dê-se de maneira segura. Nisso podemos destacar outra diferença marcante entre K e Jirou. Jirou, que possui o circuito de consciência que lhe deixa capaz de fazer julgamentos morais e sofrer por causa deles, almeja tornar-se humano e é angustiado por não ser capaz de tal. Já K não demonstra uma vontade consciente de se tornar humano ou reivindica ser tratado como um sujeito pleno. K apenas dedica-se ao máximo ao cumprir sua missão como policial, atender aos desígnios de Mother e às expectativas de Shiba, tudo isto enquanto cumpre as Três Leis da Robótica idealizadas por Asimov. Entretanto ocorre que K, mesmo sem ter plena ciência do processo pelo qual passa, ao poucos vai demonstrando emoções, estabelece vínculos e passa a realizar atividades que não constam em sua programação. Como usar seu tempo livre para escrever poesias ou tentar estabelecer um vinculo afetivo com a garota deficiente visual Kaori em uma construção narrativa que remete à obra Frankenstein de 1818 de Mary Shelley (1797-1851), na qual a criatura, também um ser artificial, consegue estabelecer uma vínculo com um homem que não pode enxergar e, por isto, julga a criatura pela sua personalidade e não pela sua aparência não humana.

Além da temática da investigação policial, o outro grande tema na HQ é a relação entre K e Shiba. K tenta aparentar indiferença e não ser abalado por repetidos comentários que destacam sua condição como não humano. Enquanto Shiba é profissional ao aceitar K como seu parceiro e realizar suas atividades em conjunto com o colega, mas, sempre que tem oportunidade, reafirma na frente de K que o parceiro é apenas uma máquina, um boneco ou manequim e que nunca estará na mesma condição da que um humano. Shiba tem um profundo rancor contra tecnologias, e um dos motivos é a constante sensação de que está velho e obsoleto em um mundo de avanços tecnológicos que não consegue compreender, e a presença de K o faz relembrar disto repetidamente. A outra causa é o fato da esposa de Shiba ter morrido em um acidente de automóvel por falhas técnicas, que faz com que ele tenha uma profunda desconfiança de qualquer tipo de tecnologia. Assim, ressaltar a inferioridade de K como humano é uma forma de Shiba afirmar sua posição como de sujeito superior e mascarar suas inseguranças em relação a seu papel na sociedade do futuro.

A princípio, Shiba aceita trabalhar com K como se este fosse apenas um equipamento à disposição para a execução de seu trabalho. Mas, por influência de suas filhas que não conseguem deixarem de ter compaixão pelo colega do pai, acaba aceitando que K frequente sua casa. A mais velha, Nami, sente-se angustiada pelo modo frio como o pai trata K, mas ainda assim tem um pouco de medo do policial robô. Já a mais jovem, Yumi, rapidamente estabelece um vínculo com K e tenta integrá-lo como parte da família. Aos poucos, Shiba vai confiando cada vez mais em K, mas mesmo assim esforça-se para ser frio com ele sempre que percebe estar sendo gentil e desta forma não voltar atrás em público em relação às suas declarações iniciais sobre não se importar com K por este tratar-se apenas de uma máquina. Ainda, há Shinjou, um jovem policial que é namorado de Nami, apesar de não parecer muito sensível aos sentimentos e motivações dela. Diferente de Shiba, que possui uma relação ambígua com K, Shinjou despreza K e deixa isto claro sempre que tem oportunidade. Aparentemente, Shinjou se comporta de tal maneira por considerar a relação de K com seu mentor e as filhas deste uma ameaça à sua posição junto à família de Shiba.

K, bem como o diversos robôs assassinos enviados pela R. R. K. K., são chamados por Ishinomori apenas como “robot”, que remete ao termo “roboti” conforme usado por Karel Čapek (1890-1938) em sua peça de 1920, R.U.R., e ao sentido de uma máquina autômata que existe como um serviçal para executar tarefas de trabalho para os humanos. Ao longo de toda a HQ, apenas uma vez o termo “jinzou ningen” — que acabou sendo definido na obra de Ishinomori com o sentido de um humano artificial que almeja o estado humano e o papel social de sujeito — aparece, e citado de maneira indireta por Yumi ao tentar entender qual seria a natureza de K. O que é coerente com a obra, uma vez que Yumi é a única personagem que vê K como uma sujeito pleno e tão capaz de sentir emoções humanas quanto qualquer pessoa. Dessa forma, os robot de Robot Keiji, diferente da forma como eram abordados por Ishinomori ao mesmo tempo em sua obra Jinzou Ningen Kikaider, na qual almejavam tornarem-se sujeitos nem anseiam pela humanidade. K se aceita como um robô, e seu maior desejo consciente é cumprir a função para a qual foi construído e obter o reconhecimento de seu parceiro sem desafiar sua posição existencial e social como robô. K parece se orgulhar de ser um investigador policial e se esforça para realizar tal tarefa da maneira mais eficiente.

Os desenhos de Robot Keiji são um pouco mais elaborados do que os de outras obras de Ishinomori do período, como o próprio Jinzou Ningen Kikaider. As obras de Ishinomori da década de 1970 podem ser identificadas com o estilo do shounen dos anos 1970, que tradicionalmente incorpora personagens representados através de abstracionismo icônico influenciado pela obra de Tezuka combinados com cenários naturalistas construídos com sistemas de perspectiva mais sofisticados influenciados pela tradição do estilo Gekiga. Entretanto, em Robot Keiji, Ishinomori parece ter pretendido se aproximar formalmente ainda mais do Gekiga. Um dos destaques são as construções complexas de usos de retícula, tanto de recortes e colagens de modelos variados de reticulas padronizadas pré-impressas, quanto de efeitos de retícula criados manualmente através da repetição de padrões de traços, como a sobreposição e justaposição de diferentes modelos das duas técnicas. O resultado dessa prática são cenários que, apesar de serem todos executados em preto e branco, apresentam uma variedade enorme de efeitos diferentes de sombreamento e profundidade. Além de personagens e elementos com diferentes texturas para representar desde a superfície metálica artificial do rosto de K até as muitas e diferentes texturas e padrões de estampas dos tecidos que compõem as roupas de cada um dos personagens.



Outro ponto marcante em Robot Keiji é a construção visual narrativa. Ishinomori vale-se de sua já tradicional técnica de alternar-se entre enquadramentos extremamente amplos de paisagens com enquadramentos bastante fechados de recortes muito específicos focados em pequenos objetos. Essa técnica produz um efeito muito peculiar de jogar o leitor em uma percepção de efeito sublime — a sensação de sentir-se diminuto ao confrontar grandes forças da natureza ou da tecnologia — e imediatamente jogá-lo em uma detalhe muito específico deste mundo amplo, trocando drasticamente para uma percepção intimista e pontual. Ishinomori usa muito dessa técnica em Robot Keiji, que adquire ainda mais impacto com o uso dos cenários com perspectivas geométricas intensas e o uso complexo de retículas. O sublime é um constante na obra, tanto diante da natureza, da ciência, bem como da crueldade humana quando mostra a banalidade na morte de cada uma das vítimas.



Essa banalidade em relação à crueldade e à morte é destacada através das transições entre cenas. Ishinomori faz alguns experimentos de diagramação na disposição dos quadros e construções das páginas. O primeiro quadro de uma próxima cena ou evento é comumente mostrado no final da página que conclui uma cena ou acontecimento anterior, criando uma cadência e continuidade visual na narrativa que deixa difícil definir em qual momento cada ato ou capítulo se encerra. Ainda, seguidamente usa alguma aproximação formal entre as transições das cenas, como o último quadro de uma cena centrado em uma forma geométrica que se repete no primeiro quadro da cena seguinte. E tal efeito fica ainda mais marcante quando Ishinomori o usa para representar a banalidade do ato do homicídio para os assassinos. Enquanto conduz uma cena que mostra uma discussão na casa de Shiba entre o policial e suas filhas ou alguma conclusão conceitual encontrada pelo policial veterano e K, os quadros da cena principal têm inseridos entre eles alguns quadros com pequenos fragmentos fora de contexto de um assassinato ainda não conhecido que só terão sentido pleno quando o leitor se deparar com o primeiro quadro da próxima cena ilustrando a chegada de Shiba e K no dia seguinte a um novo local de crime. Para reforçar ainda mais o efeito de continuidade visual que vincula todos os eventos, Ishinomori vale-se do uso de quadros alongados horizontalmente que trespassam de uma página para a outra, ou ainda splash pages com quadros que ocupam não apenas toda uma página, como também metade da página contígua.


Além do efeito de sublime na representação de paisagens e construções arquitetônicas e tecnológicas — um destaque aqui para a aparição de Mother —, há ainda um tipo de sublime presente nos confrontos de K com os robôs assassinos enviados pela R. R. K. K.. A maioria desses confrontos se dá através de experimentos formais que exploram não só o efeito do sublime, como a composição geométrica dos cenários amplos, com diferentes ângulos de enquadramento em cenas sem diálogos que remetem diretamente a duelos na tradição do cinema Western.


Também há uma crueza na representação da violência. Não que ela seja gratuita, ao contrário, aparece apenas pontualmente e quando necessária para o desenvolvimento da história, que trata de investigações de casos de homicídio. Mas, quando ela aparece, Ishinomori não hesita em mostrar vítimas de diferentes idades e gêneros mortas por execuções por armas de fogo, assassinatos em série seguidos de esquartejamentos, membros amputados. Isso, em conjunto com a representação do desenvolvimento tecnológico com objetivo bélico, ajuda a criar a percepção ambígua de que K, em toda sua artificialidade, é muitas vezes mais sensível e “humano” do que as própria humanidade que o define como sendo um boneco.

Simultaneamente à sua publicação da história em quadrinhos, foi produzida pelo estúdio Toei uma série tokusatsu para a televisão com vinte e seis episódios também chamada Robot Keiji e que foi originalmente exibida de 5 de abril a 27 de setembro de 1973. O conceito geral da trama é similar ao da história em quadrinhos, mas com algumas diferenças marcantes. A primeira é na simplificação da história, apresentando menos cenas de violência direta e não tão focada na crítica à militarização e ao desenvolvimento bélico. Também há menor foco na discriminação sofrida por K por não ser humano, tendo personagens como Shinjou sendo muito mais simpáticos e tolerantes em relação a K.

A segunda diferença marcante é a estrutura em episódios, com diferentes robôs vilões semanais e batalhas de clímax no final de cada episódio, aproximando da estética dos tokusatsu de aventura do período. Ainda, na série de televisão, K retira suas roupas civis e se revela completamente como um robô em cada batalha. O que é diferente na história em quadrinhos, na qual os combates travados por K geralmente são duelos de arma de fogo na tradição do cinema Westen ou trocas de tiro comuns de narrativas policiais. Na versão em quadrinhos, K tira suas roupas civis em apenas quatro momentos. Duas vezes a pedido de Shiba, que pretende convencer as pessoas ao seu redor que demonstram simpatia em relação a K a concordar com seu ponto de vista de que o parceiro é apenas um objeto ao expor a não-humanidade no corpo do policial robô. A terceira vez ocorre quando K realiza um mergulho. E a quarta vez se dá apenas perto do final da narrativa, quando K decide renegar sua aparência de pretensa humanidade negando suas roupas que o aproximam dos humanos e aceitar sua natureza como máquina acreditando que apenas ela lhe dará as habilidades necessárias para resgatar Nami e Yumi. A série de televisão é muito mais afastada da tradição narrativa das histórias policiais do que a versão em história em quadrinhos e se aproxima mais das aventuras de ficção científica dos tokusatsu da década de 1970. Ainda, na série de televisão, K possui uma transformação para uma forma superior de batalha chamada Blow Up, na qual muda de cor e revela uma série de armamentos ocultos em seu corpo inspirados nas armas ocultas no corpo do investigador policial robô Gesicht de Tezuka.





Robot Keiji teve influência sobre outras obras posteriores, algumas apresentando citações diretas à história em quadrinhos e ao seriado de televisão de Ishinomori. Como o personagem Q do videogame Street Fighter III: 3rd Strike de 1999 da Capcom. Também nomeado apenas por uma letra e trajando uma roupa típica da iconografia de investigador, Q é um personagem misterioso que se move muitas vezes de maneira robótica e aparece em diferentes locais de crimes não solucionados.

No longa de animação Metropolis de 2001 dirigido por Ootomo Katsuhiro (1954-) que adapta a história em quadrinhos de mesmo nome de Tezuka publicada originalmente em 1949, há o robô investigador Pero, que também é inspirado em K e que lembra o personagem de Ishinomori tanto no design, quanto na sua função na narrativa.

Em 2014 foi anunciado uma nova versão em quadrinhos de Robot Keiji com roteiros de Shimizu Eiichi (1978-) e desenhos de Shimoguchi Tomohiro (1978-), a mesma dupla de autores responsável pela nova versão em quadrinhos de Ultraman iniciada em 2011 e adaptada para série animada em 2019. Entretanto a nova HQ, que deveria ser publicada na revista Weekly Shounen Champion da editora Akita Shoten, foi cancelada antes de ter o primeiro capítulo publicado, tendo sido reveladas apenas algumas ilustrações.

Robot Keiji é uma história em quadrinhos policial, mas, ao mesmo tempo e dentro da tradição do shounen da década de 1970, é uma trama que trata da crítica ao uso indiscriminado e sem preocupações éticas da tecnologia e os perigos desta prática. Na obra, Ishinomori representa os robôs e o desenvolvimento técnico como uma herança da corrida tecnológica japonesa e mundial no desenvolvimento de armas mais eficientes durante a Segunda Guerra Mundial. K foi criado a partir desse tecnologia bélica do militarismo japonês da década de 1940, entretanto Mother incluiu neste potencial ilimitado que K representa um instinto de proteção da humanidade, representado pelas Leis da Robótica da Asimov. K quer servir e proteger o humanos, e é isto que o diferencia dos robôs criados pela R. R. K. K., que são ferramentas projetadas sem nenhuma preocupação ética — e, portanto, sem nenhuma obrigação relacionada às Leis da Robótica ou com o bem estar da humanidade —, apenas visando a eficiência em cumprir os objetivos ao qual foram programados a qualquer custo. Robot Keiji é uma manifestação do desejo de Ishinomori de que o desenvolvimento tecnológico futuro viesse acompanhado também de um desenvolvimento social e humano, resultando em uma tecnologia projetada para melhorar a vida das pessoas e não para matá-las.

Referências
ISHINOMORI Shoutarou. Jinzou Ningen Kikaider. Edição tankoubon. Vol. 1-6. SF Comics. Sunday Comics, 1972-1974.
ISHINOMORI Shoutarou. Robot Keiji. Edição wide-ban. Vol. 1-2. Sun Wide Comics. Toukyou: Asahi Sonorama, 25 de maio; 25 de junho de 1985.
TEZUKA Osamu. Tetsuwan Atom: chijou saidai no robot. Toukyou: Shogakukan, 1 de novembro de 2004.
URASAWA Naoki. Pluto. Vol. 1-8. Toukyou: Shogakukan, 2004-2009.
O termo jinzo ningen veio justamente como título japonês para R.U.R . e virou o cognato para androide, a relação do Shiba com o Keiji me lembro daquela vergonha de filme do Eu, Robô, com o personagem do Will Smith não gostando dos robôs por um ter salvo ele e deixando uma criança morrer, originalmente o filme seria outro projeto, mas acabou virando uma adaptação.
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Não tinha lembrado dessa relação do personagem do Will Smith com o robô no filme, mas é um bom paralelo, sim, para o Shiba e o K.
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Na Wikipédia em inglês fala do termo ningen tanku, tanque humano, que teria vindo da tradução de um seriado americano https://en.wikipedia.org/wiki/Mecha
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Que texto foda, meu camarada. Adoro o trabalho do mestre Ishinomori principalmente pelo Kamen Rider (q li e assisti o que pude) e recentemente graças ao que disponibilizaram no canal da Toei, comecei a ver outras séries do mesmo autor. Engraçado que conhecendo apenas pelo visual, preferia Kikaider à Robot Keiji, mas depois de ver um pouco da série, e agora lendo sua análise do mangá, o robô detetive virou meu personagens preferido do Ishinomori após os riders.
Parabéns pelo trabalho, acompanho pelo youtube (após ouvir a indicação em algum podcast) e nem sabia que tinha site
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Obrigado! “Jinzou Ningen Kikaider” é interessante também e uma das HQs do Ishinomori que mais impactaram na ficção científica japonesa.
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